sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Para além do que se vê

   A linha do equador não atravessa a metade do mapa-múndi, como aprendemos na escola. Há mais de meio século o investigador alemão Arno Peters constatou aquilo que todos tinham olhado e ninguém tinha visto: o rei da geografia estava nu.
   O mapa-múndi que nos ensinaram dá dois terços para o norte e um terço para o sul. No mapa, a Europa é mais extensa do que a América Latina, embora, na verdade, a América Latina tenha o dobro da superfície da Europa. A Índia parece menor do que a Escandinávia, embora seja três vezes maior. Os Estados Unidos e o Canadá no mapa, ocupam mais espaço do que a África, embora correspondam a apenas dois terços do território africano.


  O mapa mente. A geografia tradicional rouba o espaço, assim como a economia imperial rouba a riqueza, a história oficial rouba a memória e a cultura formal rouba a palavra.
(Trecho do livro de Pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso de Eduardo Galeano, 2010)


    Esse mapa- múndi nada mais é do que a descrição daquilo que realmente vigora. A Europa desde que o mundo é mundo vive da manipulação e da exploração da América Latina, então é claro ela tem que ser maior, porque é mais rica, mais forte mais tudo. Esse tipo de "status" nós mesmos projetamos diariamente para nossas vidas, baseando- se em propagandas, novelas, jornais e outros gêneros da mídia que tem como pretensão manipular e facilitar essa exploração. De forma incosciente ou até mesmo consciente vivemos de padrões estabelecidos socialmente: como trabalhar, como nos vestir, como estudar, como escrever, como se expressar. O diferente não tem vez e é visto como estranho ou subversivo, a busca por honestidade e justiça são vistas e divulgadas de forma distorcidas é o que faz o Movimento do Sem Terras e os índios serem os vilões de nossa sociedade ou verdadeiros fardos que prejudicam o crescimento econômico do país.
   Nós professores podemos colaborar pelo menos com a verdade, é o mínimo. Formando cidadãos conscientes dos seus direitos e pessoas críticas que consigam estabelecer relação entre a notícia que o Jornal Nacional vincula e aquilo que realmente importa naquele contexto. Criar além de tudo pessoas livres e distintas com vontades próprias e não impostas por um sistema capitalista e manipulador, para além da protagonista da novela das 8 ser feliz de forma simples e verdadeira.
      

Por Helena Palácio

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